
Saídas de ar no capô e nos para-lamas, spoilers e rodas aro 18 já dão o aviso: esse SLK é brabo!
Em meio à neblina daquela fria manhã de segunda-feira, a visão do SLK 55 AMG nos boxes do autódromo de Interlagos parecia um sonho. Sim, eu ainda estava com sono, bocejando, quando me dei conta: a Mercedes realmente fez isso? Colocou um motor 5.5 V8 de 421 cv e 55,1 kgfm no pequeno SLK? Esses caras da AMGandam tomando Red Bull demais...
Dias antes eu havia acelerado esse carro em Affalterbach, sede da AMG na Alemanha. Foi apenas um tira-gosto, mas saí com a impressão de motor demais para chassi de menos. Desligue o controle de estabilidade e boa sorte: você vai brigar arduamente com o roadster para não ver o mundo ao contrário. Se for numa pista fechada, e em mãos experientes, isso tudo vira diversão. Mas a verdade é que não me senti tão confiante quanto no rival Porsche Boxster S. Aquela força toda despejada no eixo traseiro de um carro com entre-eixos curto torna o SLK 55 AMG algo pouco amigável.
Dias antes eu havia acelerado esse carro em Affalterbach, sede da AMG na Alemanha. Foi apenas um tira-gosto, mas saí com a impressão de motor demais para chassi de menos. Desligue o controle de estabilidade e boa sorte: você vai brigar arduamente com o roadster para não ver o mundo ao contrário. Se for numa pista fechada, e em mãos experientes, isso tudo vira diversão. Mas a verdade é que não me senti tão confiante quanto no rival Porsche Boxster S. Aquela força toda despejada no eixo traseiro de um carro com entre-eixos curto torna o SLK 55 AMG algo pouco amigável.

O roadster só está fazendo a curva assim, sem escapar de traseira, porque o controle de estabilidade está segurando a onda
Nas vias germânicas, algumas com curvinhas desafiadoras, o SLK foi menos afiado do que eu esperava. Com o ESP ligado, a dianteira longa e pesada espalha demais se você entrar no cotovelo com vontade. Com o ESP desligado, aí você negocia com o acelerador o quanto a traseira vai escorregar. Sem o auxílio eletrônico, é um carro para iniciados. Por isso, a Mercedes logo foi avisando antes da volta em Interlagos. “Não mexam no botão do ESP!”

Motorzão 5.5 V8 aspirado rende 421 cv, mas é a patada dos 55,1 kgfm de torque que impressiona. E que ronco!
OK, fucei somente em outro botão, o do câmbio. Com apenas quatro voltas para degustar o esportivo, eu não iria testar o modo econômico, né? Pulei direto para o manual, que permite fazer as trocas nas grandes hastes atrás do volante. E vamos embora! O ronco do V8 aspirado impressiona – até mais que sua versão biturbo de 557 cv que equipa o E63 AMG. É um barulho borbulhante, grave, daqueles que faz tremer a janela da vizinhança. Dou umas patadas no acelerador só pra ouvir a máquina berrando e saio devagar.

Cabine tem desenho até comportado. Legal mesmo é o volante de base reta com as hastes de metal para trocas manuais de marcha
À minha frente, o SLS Roadster guiado por um instrutor do curso de direção da AMG faz a função de coelho. A missão, ao menos na minha cabeça, é andar o mais próximo desse cara. Deixamos os boxes e começamos a ganhar velocidade na reta oposta. Como anda! A primeira freada para a curva à esquerda já anuncia que o pedal, muito leve, poderia ter melhor modulação. Mas as pinças mordem os discos tão bravamente que diminuo demais a velocidade e perco tempo. Nada, porém, que o V8 não recupere logo na reta seguinte, em direção ao miolo. Aponto a frente do SLK para a direita e a luz do ESP não para de piscar, segurando o ímpeto da traseira. O carro segue bem agarrado ao chão, mas deixa claro que é a eletrônica que está fazendo aquilo.

Bancos com fartos apoios laterais para segurar o corpo e ponteiros para baixo no quadro de instrumentos: esportividade à flor da pele
Conforme vou relembrando o traçado ideal (fazia uns dois anos que eu não andava por lá), o SLK corrige as pequenas escapadas da traseira com discrição. A direção é macia e rápida, mas não me conta exatamente o quanto a dianteira está desgarrando – poderia ser mais comunicativa. Na reta dos boxes, o velocímetro belisca os 220 km/h quando convoco o freio e a haste de reduzir as marchas. E aí está a maior decepção do carro. O câmbio automático de sete velocidades é lento nas mudanças e não permite reduções com o giro elevado. Num universo em que os concorrentes Porsche Boxster e BMW Z4 trazem transmissão automatizada de dupla embreagem (muito mais rápida e eficiente nas trocas), o Mercedes parece fora de órbita.
Você pode argumentar que os rivais não têm um V8 à disposição, e isso é verdade. Virilidade nas arrancadas (0 a 100 km/h em 4,6 s) é com o SLK mesmo. E o som é magnífico. Mas, como eu desconfiei lá na Alemanha, o chassi não está à altura do motorzão. É tanto motor que ele até desativa quatro cilindros, para economizar combustível, quando não exigido a fundo – além de ter sistema start-stop.
Você pode argumentar que os rivais não têm um V8 à disposição, e isso é verdade. Virilidade nas arrancadas (0 a 100 km/h em 4,6 s) é com o SLK mesmo. E o som é magnífico. Mas, como eu desconfiei lá na Alemanha, o chassi não está à altura do motorzão. É tanto motor que ele até desativa quatro cilindros, para economizar combustível, quando não exigido a fundo – além de ter sistema start-stop.

Capacidade de frenagem é absurda, mas o pedal do freio poderia ser um pouco mais firme
De volta aos boxes, desço do carro e dou um tapa na lataria, satisfeito pela brincadeira. Bem divertido esse SLKmetido a muscle car, que chega às lojas em agosto por US$ 244.900 (cerca de R$ 514 mil). Mas não chega a entrar na minha lista de favoritos. Se eu fosse comprar um carro nessa faixa de preço, esperaria pelo novoBoxster que logo estará entre nós.
fonte: autoesporte.com